Macaco Bong, o pedreiro independente
Filho de um casal de advogados, Bruno Kayapy começou seus estudos na guitarra ainda muito cedo, o que o fez montar uma banda já com 13 anos e a partir daí investir nos estudos de estrutura de palco e equipamentos, o que seria muito útil nos anos subseqüentes nos projetos desenvolvidos em festivais independentes. Ynayã Bertrholdo, baterista que desde cedo viu o exemplo do pai músico em casa e da aprovação da mãe fisioterapeuta, montou sua primeira banda também antes dos quinze anos e no ônibus rumo a Feira da Música em Brasília, conheceu Kayapy, “eu estava ouvindo o Awake, terceiro disco do Dream Theather, quando o Bruno perguntou: - é o Dream Theather, apontando para o discman, começamos a conversar e a ligação foi na hora e nunca mais se desfez” lembra. Chegando em Cuiabá o Donalua - banda que Kayapy tocava guitarra - ficou sem baterista e logo Ynayã foi convidado, “eu era fã dos caras e entrei de cara” completa. No início de 2004, logo depois do fim do Donalua, os dois estavam sem banda e a procura de um novo projeto musical - dessa vez bem mais ousado dos que as letras politizadas da antiga banda. A primeira tentativa foi ensaiar alguns temas em guitarra e bateria, o que logo pareceu mais complicado quanto a elaboração e intenção musical. Daí era chamar outros caras para montar algo novo, experimentando novos timbres e instrumentos, começava a surgir o que o jornalista Israel do Vale classifica como um “páuer trio tradicional, nervoso, intenso, extenuante e achapante vindo de Hellcity”. O primeiro baixista foi Pink, que logo em seguida tocou no Chilli Mostarda, depois dele veio Julio Custódio, ex-vanguart, mas não se firmaram. No vocal estava Chabô, também um dos remanescentes do Donalua, mas logo depois saiu da banda e foi morar em São Paulo. Na sua volta, O Macaco Bong já era um trio instrumental.
Nesse momento a banda já trabalhava com produção independente no Instituto Cultual Espaço Cubo, o que resultou – através de um blog onde fazia uma crítica ao Festival Calango – conhecer o futuro baixista Ney Hugo, que se integrou na equipe de comunicação do instituto e passou a cuidar dos veículos mídiáticos da banda. A partir desse ponto a formação estava completa e só em 2006 os três foram convidados para tocar em 12 Festivais Independentes nas cinco regiões do país, levando consigo a crescente cena de Cuiabá e a tecnologia que era implantada aqui, que cada vez mais era reconhecida por seu constante avanço tecnológico quanto a produção cultural empreitada pelo Espaço Cubo, que já promovia festivais como o Calango, Grito Rock, Semana da Música e ações durante todo o ano de fomento à cultura independente.
E o independente foi se expandindo
No cenário brasileiro o projeto Circuito Fora do Eixo tomava forma e corpo, fazendo com que bandas independentes avançassem ainda mais em boa parte da fatia do mercado fonográfico. O público e as ações ligadas em rede começaram a se expandir e mais festivais apareceram. Iniciativas com o cunho independente (coletivos, grupos de discussões, produtoras) foram aparecendo do Nordeste até o Sul do país, já nascendo com a informação ligada em rede entre os Estados. Com essas transformações e pela expansão do novo Circuito outras novas entidades surgiram como a Abrafin – Associação Brasileira de Festivais Independentes, que como principal ação articulou os festivais independentes num calendário único e anual, desse esquema deu-se início a um diálogo com a petrolífera Petrobrás, que em junho de 2007 lançou um edital para festivais independentes, destinando 2,5 milhões de reais como verba para os independentes, firmando 2008 como o ano do avanço dos festivais pelo Brasil. O campo se tornou fértil para bandas de diferentes segmentos circularem o país, de repente bandas de Ska, Rockabilly, pop, Instrumental e outras vertentes tiveram mais espaço, logo porque cada vez mais os festivais procuravam o conceito independente – simples e plural – e desse modos operandis muita coisa ainda aconteceu.
O Álbum Virtual
Gravado durante uma semana no Estúdio RockLab, em Goiânia, O Artista Igual Pedreiro saiu com 10 faixas, incluindo músicas já conhecidas como Bananas For You All e Blacks Fuck, que foram somas às experimentais Vamosdahmaisuma e Compasso em Ferrovia. A produção foi assinada por Gustavo Vasquez, baixista do MQN (GO), e lançado em formato físico pela Monstro Discos, que faz a distribuição nacional, Fora do Eixo Discos e com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Cuiabá. Através da nova aposta da gravadora Trama, o projeto Álbum Virtual (que lançou o último do Tom Zé e já anunciou artistas como Ed Mota, Elis Regina e Cansei de Ser Sexy) foi disponibilizado gratuitamente para download o disco na íntegra - que pode ser baixado aqui. Esse projeto representa a evolução do independente no mercado brasileiro pela sua forma de distribuição, levando em conta o declínio de grandes e médias gravadoras. O título foi escolhido pelo conceito proposto pela banda de como funciona o mundo da música hoje, “se um cara não trabalha diariamente por sua banda, ralando como um pedreiro para elaborar formas dela se vascularizar, dificilmente seu projeto vai sobreviver ao mercado tão transitório e suscetível á mudanças com é o da música hoje” diz Ney Hugo, baixista.
Conheça mais sobre o Macaco Bong:
www.myspace.com/macacobong
www.espacocubo.blogspor.com.br
www.foradoeixo.org.br
Conheça mais sobre o Macaco Bong:
www.myspace.com/macacobong
www.espacocubo.blogspor.com.br
www.foradoeixo.org.br
Foto Ranato Reis
texto Dewis Caldas
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